05 julho 2007

Margaridas


Ela me vinha visitar às vezes.
Chegava no fim da tarde, surpreendendo a hora indecisa do dia.
Vinha com sua leveza.
Ela era leve,
Leve onde eu não lembrava mais que se podia.
E eu era tão pesada...
Ela trazia margaridas, que colocava sobre minha mesa, e mesmo depois de ela ir embora, as flores miúdas continuavam trazendo o inusitado daqueles olhos alegres.
E eu gostava de vê-la passeando pela casa, gostava do jeito que encostava de leve nas coisas, do jeito que caminhava fluida, e do seu vestidos de tons de céu.
E ela me mostrava coisas bonitas, foi ela quem nem mostrou a sombra das árvores na parede da sala ao cair da tarde, ela me ensinou a rir das paredes. Embora quando ela se vá eu não lembre direito como fazer.
Ela desenhava coisas com os dedos no ar, e os desenhos tinham a cor que ela escolhesse.
Ela era tranquila,
Tranquila onde eu achava que não se podia.
Eu era tão afobada...
Depois ela se levantava,
me fazia um carinho na face com a concha da mão.
E arrastava na barra do vestido todo o cheiro de sol que trouxera.
Ela descia as escadas cantando...

3 comentários:

J.M. de Castro disse...

Simplesmente perfeito...n�o d� nem pra comentar porque t� tudo dito ali em imagens...

Anônimo disse...

Ah, a Marinous é foda mesmo, hehe.

Cacau disse...

Tô de blog novo:

http://qjchoc.blogspot.com/

(sou eu, Helenosa)