26 março 2008

Ser

E experimentar o ser dos outros.
ser na sombra da moça ali parada,
ou sob o chapéu do velho de bengala.

ser novo vento que varre a montanha,
ser seco solo que arde vermelho.

ser onde nunca se foi,
ser além do que sempre se soube.

saber que o ser é livre,
as escolhas dançam.

Dia

um dia pode amanhecer com muitas caras,
eu gosto muito dessa.

uma cara serena, sem novidade,
sem pressa, alheia

tão sem mim.
essa cama é estreita demais,
nela não cabem meus sonhos.

18 março 2008

Renata


ela, que nunca sossegou, caneta no papel.
que me olhava de cima das pernas longas com todo luxo
e um all star sujo.

ela, que se ocupava de sussurros e silêncios molhados
e era toda fúria de flor do mato

ela, que dividiu tantas noites de província comigo,
hoje passeia de bicicleta na ponte entre meu ser e vir a ser.

ela, que vestia as cores esquecidas e as asas aro 26 e voava pra dentro da história,
que é onde começa e onde termina o tempo de sonhar.