08 agosto 2007

Refresco

E de mais a mais, sabia que o dia ia chegar em que o medo iria embora.
E ia levantar-se com sua roupa em trapos, e sua cara cansada de medo de tantos anos e faria um aceno quase solene e seguiria lento para atrás das cortinas.
E enquanto ela esperava a derradeira cena, se distraía tomando um refresco amargo feito de coisas desfeitas.

O primeiro dia


E de manhã, ao olhar para o céu com os olhos ainda cobertos pelas etéreas mãos do sono, viu o azul inédito dos dias seguintes.

Um azul que ela ia desvendando ainda com um certo medo, sem saber todo seu. Mas que já estava entrando por ela, ali por onde ela esquecera de se trancar a chaves, colorindo a toda por dentro.

Inaugurou seu azul com um sorriso largo de quem reconhece o início do resto de tudo.

07 agosto 2007

Chamava


Por olhá-la assim sorrindo, a chamava de menina,

Por sabê-la tão doída, a chamava de meu anjo,

Por achá-la assim tão livre, a perdia no horizonte...
Vou fazer aquilo que deveria,

e deve ser fácil, pois assim me disseram:

"melhor agora, pior depois"



depois piora, depois engasta, depois entala.

eu ja sabia.



com a boca aberta de salvar o dia,

perco a hora
Tinha essa coisa de ele falar e fechar de leve os olhos, pálpebras de borboletas.
E de suave correr a mão onde ela era bem vinda.
Tinha também o jeito manso de medir as pausas da fala morna.
E isso tudo morava num lugar frio chamado lembrança.

O corpo cheio de estrelas...

Na manhã que canta,
tanta coisa a desabar sobre os homens...

Mas quando a gente quer saber o tamanho do vazio, a gente enche ele de coisas, e cabem tantas dentro de mim...

Memórias e esquecimentos


Lapsomoço pergunta à Mnemomenina:

_Por que mesmo que não deu certo?