26 setembro 2007

Varandas de Nanquim

Eu desenharia a nanquim as telhas daquele beiral,
meio tortas, com partes cobertas de musgo.

E descendo pela trepadeira da parede,
eu desenharia também os olhos vazios do velho da varanda.
E sua cadeira de vime, e suas mão pintadas.
E minha pena ia contar a ele histórias de outras varandas que ele não lembra mais.

Lajotas de barro

estrada de lajotas de barro
geladas na sombra
quentes no sol

as lajotas sabem conversar com o céu

24 setembro 2007

Em cima daquele morro tem uma antena.
Na antena bate de leve o sol pálido de quase dia.
Faz uma sombra engraçada.
Eu me lembro de ir dormir.

Brisa


Vem daquela fresta entre as persianas,

um outro tanto entra por debaixo da porta empenada.

Também sopra pelos canos enferrujados e aflora pelos ralos afora.

Eu? Finjo que não vejo...

tapo me toda em escuridão.


Mas no piso da sala vai se formando um redemoinho...

18 setembro 2007

Antigo


é antigo,

tem a idade do erro

tem o gosto do mofo

e anda a perguntar de ti


é antigo,

guarda um som abafado

um suspiro pesado

e dorme dentro de mim


16 setembro 2007

Embora eu saiba que não pode ser...
Embora eu saiba que já não da pé...
seu cheiro em mim,
desde que fui embora.

09 setembro 2007

Véu

da boca aberta da noite
escorria o amargo e frio
véu que tudo cobria

05 setembro 2007


Você toda me olhava,

fingia que não.

Mas seu corpo conversava comigo,

seu colo moreno me dizia: "ai moço, há quanto tempo..."

suas coxas me chamavam: "te tenho saudades..."

até sua boca, sem quereres, me provocava entreaberta me mostrando a língua.

Ah você que não sabe mais se ouvir...